Carro flex: entenda como funciona o sistema bicombustível

Um carro com sistema bicombustível pode funcionar tanto com álcool quanto com gasolina. Automóveis com motor flex têm sido muito procurados por pessoas que planejam comprar um veículo novo ou trocar o atual e essa popularidade está relacionada com o sobe e desce dos preços dos combustíveis.

Esse tipo de tecnologia somente conseguiu obter sucesso no início dos anos 2000, época em que a indústria encontrou, de fato, uma forma eficaz para identificar qual o combustível que está no tanque.

A popularização trouxe muitas dúvidas e fez com que diversos mitos surgissem. A seguir, selecionamos os pontos mais importantes com algumas observações sobre eles. Confira e fique por dentro para saber como extrair o máximo dos benefícios do sistema bicombustível. Vamos lá!

Como surgiu o sistema bicombustível?

Para o desenvolvimento do sistema bicombustível foi utilizado o sensor de oxigênio, que já existia no escapamento. A partir dele, a função foi ampliada para que fosse avaliado se havia etanol ou gasolina no tanque, por meio da detecção combustada da mistura ar-combustível.

Tudo isso é possível, pois o sensor é capaz de verificar a maior ou menor presença de oxigênio. Depois de todas as etapas a informação vai para o ECM, que direciona os ajustes necessários.

Pode parecer complicado, mas todo esse processo leva poucos segundos para ser concluído.

É possível usar apenas um combustível durante toda a vida útil do motor?

Sim. O mito provocado sobre esse ponto decorre da falta de informação sobre o assunto. Por exemplo, há pessoas que dizem que a cada quatro vezes em que o carro for abastecido com etanol, é necessário colocar gasolina no tanque e vice-versa.

No entanto, isso não existe. O motor com sistema bicombustível foi desenvolvido para funcionar perfeitamente bem tanto com um quanto com outro.

O etanol é um combustível mais limpo?

O etanol é mais limpo que a gasolina, não deixa resíduos de carbono no sistema do carro, mas emite o dióxido de carbono. Porém, quem promove a sustentabilidade desse combustível é a própria cana, visto que em seu processo de produção e enquanto se desenvolve ela ajuda na absorção de gases poluentes presentes na atmosfera.

O carro pode funcionar com qualquer proporção de gasolina ou etanol?

Essa é uma das dúvidas mais recorrentes dentro do tema sistema bicombustível e é muito natural que seja assim. Na verdade, tanto faz se o motorista colocou 10% de gasolina e completou com etanol, tudo vai funcionar perfeitamente.

A sonda lambda — responsável por reconhecer qual combustível está sendo utilizado e repassar a informação para a central — consegue captar a diferença de oxigênio e informa para a central eletrônica a exata proporção de cada um deles.

O primeiro abastecimento deve ser feito com gasolina?

Esse é outro mito bastante recorrente quando falamos sobre veículos com motorização flex. A tecnologia do sistema bicombustível não tem um padrão ou combustível pré-definido a ser usado no primeiro abastecimento.

Por outro lado, o que pode acontecer é uma recomendação das montadoras dos automóveis. Por exemplo, algumas, por questão de custo, usam o etanol. Outras, recomendam rodar um pouco com um tipo para depois realizar a migração de forma gradativa.

Essa questão depende do fabricante, mas a maioria nem sequer menciona no manual do proprietário algo sobre o assunto por ele ser pouco relevante.

Motor flex dura menos?

Não. Essa crença se deve ao fato do etanol ser um combustível mais corrosivo quando comparado com a gasolina. Mas é claro que os engenheiros das montadoras sabem disso e dão aos motores flex o tratamento que eles precisam para que a durabilidade seja a mesma e, não raro, até maior do que aqueles que rodam com um único tipo de combustível.

Aqui, vale uma observação interessante: é muito comum que oficinas especializadas ofereçam serviços de conversão. A questão é que mesmo que seja um processo feito em um local preparado e com itens de qualidade, nada supera a confiabilidade de um sistema bicombustível de fábrica.

Motor flex tem desempenho menor do que os que utilizam apenas um combustível?

Sim. Como o motor bicombustível conta com duas taxas de compressão e dois comportamentos diferentes para lidar tanto com a gasolina quanto com o etanol, ele é obrigado a trabalhar em uma taxa de compressão intermediária que seja ajustável para os dois combustíveis.

Isso contribui para haja perda de desempenho em aspectos como precisão, potência e consumo. Por outro lado, tecnologias novas surgem todos os dias e está bem próximo desse pequeno obstáculo ser superado.

O carro flex tem um tanque para cada tipo de combustível?

Não, é o mesmo tanque. Lembra da tecnologia que citamos acima? Ela existe para isso e é perfeitamente capaz de fazer as análises com exatidão.

É possível misturar gasolina e etanol no carro flex?

Sim, mas desde que seja flex. É exatamente para isso que existe o sistema bicombustível. Assim, o motorista pode optar por usar gasolina e etanol de forma separada ou ao mesmo tempo sem que o veículo sofra algum tipo de prejuízo.

Por fim, quando se trata de qual combustível usar, o fator que deve ser considerado nesse caso é a disponibilidade financeira. Analise qual vale mais a pena em relação ao custo na bomba é fundamental para não prejudicar as finanças no fim do mês.

Além disso, ter esse cuidado é um ponto crucial principalmente porque os preços de combustível no Brasil oscilam de uma forma quase impossível de acompanhar. No mais, na hora de escolher o melhor modelo de carro não há tanta preocupação: no mercado é possível encontrar uma variedade muito grande, com atrativos interessantes também em outros sentidos — design, conforto e em termos de segurança.

Perceba então que o sistema bicombustível é uma inovação tecnológica que segue como tendência no mercado de automóveis e, provavelmente, se tornará ainda mais presente nos próximos anos. Conhecer e acompanhar de perto as novidades da indústria automobilística é essencial para que possamos escolher a opção mais adequada no momento certo.

Então, gostou de saber mais sobre os principais mitos e verdades sobre o sistema bicombustível? Aproveite para entender também as diferenças entre direção elétrica e hidráulica